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DESCULPE O TRANSTORNO, PRECISO FALAR DA COPA

  • Foto do escritor: Pote de Conserva
    Pote de Conserva
  • 16 de out. de 2016
  • 2 min de leitura

Conheci ela na capital. Essa frase pode parecer divertida se você imaginar Cláudia Leitte dançando com J-Lo e Pitbull num cenário abrasileirado. Mas a capital em questão era aquela Belo Horizonte que poucos pobres mortais davam importância até 2014 – onde tinha de tudo, menos fim das obras da Heráclito Mourão de Miranda. Ela estava no Brasil. O mundo estava no Brasil. Eu também estava no Brasil mas só torcia para a seleção que jogava no Brasil. Ela estava lá. Ousando. Nunca vou me esquecer: a música era “La La La”, da Shakira.

Quando as seleções se jogavam em campo, ela ficava mais linda. Quando a bola ia para a ponta dos pés, ela se prostrava. Quando as torcidas gritavam por todo lado, cantavam sobre ela com gosto. Os jogos, sempre intensos e pegados, deixavam claro que ela não fazia ideia que ia se sucedendo. Foi paixão à primeira partida. Não só pra mim, claro.

Passamos algumas horas gritando com a TV ao som de Galvão Bueno e Craque Neto. De lá, migrávamos pro ESPN. Do ESPN pro SporTV, do SporTV pro Fox Sports, do Fox Sports pra Band.

Começamos a nos empolgar quando o Brasil ganhou do Chile, por 3x2 nos pênaltis, e parecia que o hexa chegaria dali. Vimos todas as partidas. Algumas várias vezes. Trouxemos todas as alegrias existentes para o meu povo. Quebramos alguns copos na cozinha porque o jogo nos deixava nervosos. Preparamos festas sem saber se chegaríamos à final. Pintamos juntos muros, carros abandonados, ruas. Fizemos uma dúzia de memes novos e junto com eles algumas páginas.

Fizemos dias sem aulas nas escolas do Brasil– acabei de lembrar. Sofremos com os argentinos, rimos com os brasileiros. Viajamos o mundo sem sair do país. Das dez partidas de futebol que mais gosto, sete foi ela que me mostrou. As outras três foi ela que proporcionou. Aprendi o que era cheirinho de hexa e também o que era escanteio curto, respeito, fair-play, passeio e outros termos que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de ser humilhado com ela.

Um dia, Alemanha. E não foi fácil. Choramos mais que o David Luiz quando o Khedira entrava na área. Mais que o Thiago Silva em campo. Até hoje, não tem um lugar que eu vá em que alguém não diga, em algum momento: Lá vem eles de novo! Parece que, pra sempre, eles vão fazer gols. Se a gente ao menos tivesse tido alegria nas pernas, eu penso. Levaria pra sempre a taça comigo.

Essa semana, pela primeira vez, revi as tabelas que a gente levou juntos – não por acaso no Mineirão. Achei que fosse chorar tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter sediado um grande evento esportivo. E de ter esse evento marcado por goleada – em tantos vídeos, memes e gifs. Tão humilhada.

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