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VITÓRIA PARA LAVAR A ALMA

  • Foto do escritor: Pote de Conserva
    Pote de Conserva
  • 24 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

O Cruzeiro só precisava fazer 1 e segurar o ataque adversário. Mas a fase não é fácil e as forças sobrenaturais do futebol, que por muito tempo estiveram a nosso favor, hoje insistem em conspirar contra nós.

Tudo parecia se encaminhar para uma classificação simples. Aos 13 minutos do primeiro tempo Robinho já havia encontrado Arrascaeta sem muita marcação pela esquerda, que conseguiu cruzar para Ábila chutar de primeira e abrir o marcador no Mineirão.

De artilheiro para artilheiro. Arrascaeta deu passe para Ábila fazer o primeiro do Cruzeiro.

Mas menos de 22 minutos depois, Uendel achou Rodriguinho mal marcado por Edimar. O meio campista subiu nas costas do lateral esquerdo e cabeceou sem dar chances de defesa ao goleiro Rafael.

O primeiro tempo terminou com o empate amargo entalado na garganta do torcedor celeste. Principalmente por seu motivo: A falha monstruosa na defesa. "Monstruosa" para ajudar nossos laterais. Lucas, por, como sempre, não marcar o jogador corinthiano, que acabou dando a assistência. E Edimar, por falhar miseravelmente ao dar as costas a Rodriguinho.

Contudo, mesmo o empate na primeira metade dos 90 minutos não fez o coração apaixonado pelo Maior de Minas desistir do sonho da classificação. E o Cruzeiro, que começara o jogo com total domínio, voltou para o segundo tempo no mesmo espírito.

Marcação pesada, posse de bola e privilegiando o ataque, o Cruzeiro chegou mais a área adversária. O Corinthians teve suas chances, das quais devo destacar uma extraordinária. Após defesa de Rafael no chute de fora da área de Rodriguinho, Guilherme recebeu o reboot e chutou para fora, de maneira inacreditável, perdendo o que seria o segundo gol da equipe paulista e que provavelmente pararia o jogo.

Mas o Cruzeiro não se deixou levar pelo susto, e nem poderia. Aos 11 minutos Arrascaeta arrancou em velocidade, enroscou-se em Pedro Henrique e sofreu o pênalti. E o escolhido para converter não poderia ser ninguém mais que Wanchope Ábila, e esse seria o pênalti da redenção. E foi. 13 minutos do segundo tempo, o artilheiro chutou forte, espantou o fantasma do pênalti perdido no duelo contra a Chapecoense, no campeonato brasileiro, e fez o segundo gol da raposa, para a alegria da maior torcida do estado.

Já era de se esperar o que vinha a seguir, não é? O Corinthians até tentou, mas não conseguiu furar a defesa recém recuperada do Cruzeiro, nem surpreender a mais nova muralha celeste, Rafael. O resultado de 2x1 levava a decisão para os pênaltis, mas, sinceramente, quem queria isso?

Aos 16 minutos, Rafael Sóbis chutou para encobrir o goleiro, mas Walter fez uma defesa espetacular e impediu o aumento do placar. Mas não por muito tempo. O gol defendido deu ao Cruzeiro um escanteio, ao qual Robinho cobrou. E lá estava Bruno Rodrigo, o Cabeça de Míssil. O goleiro corinthiano nem viu a bola.

Bruno Rodrigo, o Cabeça de Míssil, comemora seu terceiro gol na Copa do Brasil.

O jogo estava quentíssimo. E como uma boa partida de classificação, o Mineirão exalava emoção. Discussões, brigas, jogadores caídos, faltas e sangue nos olhos não faltaram. Nada de novo quando se tinha Lucas Romero e Giovanni Augusto em campo. Pequenas doses de infarto também marcaram presença, principalmente quando Mano Menezes resolveu substituir Ábila e colocar Ariel Cabral no lugar.

O torcedor já orava com fervor para a partida acabar logo quando, aos 37 do segundo tempo, Henrique sofreu falta próximo a área corinthiana. Robinho para a bola e, em jogada ensaiada, lançou para Arrascaeta, o nome do jogo, marcar o seu. 4x1 para o Cruzeiro.

O que se seguiu foi mais para testar o coração dos mais de 30mil torcedores celestes que para redefinir a partida. Aos 40, Rildo marcou pelo Corinthians, mas não mudou nada, o Cruzeiro estava classificado para a semifinal da Copa do Brasil. O próximo adversário? Ninguém menos que o único time brasileiro com quem disputa a marca de maior campeão da competição, o Grêmio. Se passar, o Cruzeiro pode pegar o Internacional ou o maior rival, o Atlético MG, tendo a chance de reeditar a final de 2014 e, quem sabe, ganhar o título sobre ele.

Mesmo começando a partida como reserva, Arrascaeta foi o nome do jogo.

A Copa do Brasil de 2016 é, sem dúvida, uma das melhores da história. Pela primeira vez em 25 anos não temos um representante carioca ou paulista entre os quatro melhores da competição. A final pode render A) Um clássico gaúcho; B) Um clássico mineiro; C) A disputa entre dois times com baixo rendimento no Campeonato Brasileiro, mas sem nenhum rebaixamento em sua história. O Grêmio pode conquistar seu primeiro título relevante em 15 anos, além da marca de maior campeão da Copa do Brasil. O Cruzeiro, o mesmo, fora o primeiro título desde 2014 e uma vaga na Libertadores. O Inter pode conseguir uma vaga no continental, algo impossível pelo campeonato brasileiro. O Atlético MG tem a possibilidade de conquistar um bicampeonato, com chances de ser a segunda sobre o maior rival.

O que está em jogo nessa edição da Copa do Brasil é mais que um título na segunda mais importante competição nacional. É mais do que uma taça. E só o torcedor pode saber o que é. Para o cruzeirense, em particular, só o jogo da classificação já é uma conquista. O time mostrou, com o apoio incondicional da torcida, que não está morto e que pode brigar por muito ainda nesta temporada. Reacenderam-se todas as expectativas, todas as esperanças. E a partida mostrou que o destino também está torcendo por nós. Quem diria que Arrascaeta, que começou a partida no banco de reservas e entrou aos 6 minutos do primeiro tempo para substituir Rafinha, com dores na coxa esquerda, seria o herói do jogo? E quem esperaria do tão contestado Lucas uma boa partida?

Mais uma vez, a torcida fez sua parte. A Celeste não parou nem por um minuto e seus gritos podiam ser ouvidos a mais de cinco quilômetros (eu estou de prova disso, afinal, eu mesma escutei). Com toda a certeza, pelo menos metade dessa vitória é nossa. E nós nunca nos esqueceremos da noite de 19 de outubro de 2016. Mesmo que o título não venha, estará cravado em nossos corações a raça dos jogadores, a alegria do treinador e a vitória espetacular sobre o Corinthians.

E como maravilhosamente narrou Pequetito: "Respeite a camisa que a gente suou! Respeite quem pode chegar aonde a gente chegou. E quando pisar no Mineirão, procure primeiro saber quem eu sou. EU SOU CRUZEIRO!"

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