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C.H.A.P.E.C.O.E.N.S.E

  • Foto do escritor: Pote de Conserva
    Pote de Conserva
  • 1 de dez. de 2016
  • 4 min de leitura

"Que se escute em todo o continente, sempre nos lembraremos: Campeã Chapecoense"

Chorei. Chorei muito quando, pela manhã, li a notícia que destruiu meu dia, a mais triste do ano. De todas as tragédias do mundo, por esta eu jamais esperaria. De todos os times do mundo, foi a Chape a protagonista de uma das maiores fatalidades da história do futebol mundial.

Hoje, ou melhor, ainda hoje, só me restam as lágrimas que derramei; as dores de cabeça pelo choro que chorei. Naquele avião estavam 77 vidas cheias de sonhos. Lá existiam famílias, amigos, torcedores, brasileiros representados. Pessoas com muitos anos pela frente.

Amanhã já é dezembro. Daqui 25 dias é natal. Bem próximo, o ano novo. E agora pelo menos 71 famílias não terão mais seus entes queridos para comemorar consigo. 71 mães não terão seus filhos. 71 vidas não viverão mais.

Permanecerei aqui, chorando e lamentando a morte de homens que nunca conheci e que nunca terei a chance de conhecer. Das vidas de inocentes, perdidas enquanto partiam em busca de um sonho que, para muitos, e quem sabe até para eles, parecia distante. De almas que talvez não terão salvação. De pessoas que não pude ajudar.

Em meio ao lamento me pego imaginando: E se eu não fosse uma mera espectadora desse show que é o futebol? E se eu estivesse lá? Se estivesse em meio àqueles escombros? Talvez eu me levantasse com dificuldade, toda machucada, e cambaleando andasse até o gemido de dor mais próximo. Talvez eu tentasse desprender o Ananias do cinto de segurança. Talvez eu rasgasse um pedaço da minha blusa e procurasse fazer um curativo improvisado no Dener. Talvez eu gritasse para o Filipe não desistir. Dissesse, desesperada, para o Caio Júnior tentar continuar respirando. Implorasse para o Bruno ficar vivo. Chorasse enquanto corria para perto do Tiaguinho dizendo pra ele aguentar firme porque ele ainda tinha que conhecer o filho. Tentasse fazer uma massagem cardíaca no Victorino. E orasse a Deus por uma solução e um resgate.

Constantes serão, a partir de agora, as dores. A dor que sentem as esposas, as mães, os filhos, os pais, os amigos, os familiares, os torcedores, o mundo inteiro. A dor da perda. A dor da derrota. A vida nos derrotou. O luto nos derrotou. Parte de nós morreu junto com aqueles 71 a bordo do avião da Chapecoense.

Orações. A oração é tudo que nos resta. Pedir a Deus o conforto dos familiares e o nosso próprio. Pedir a Deus pela vida dos sobreviventes. Pela vida do Alan, do Neto, do Follman, da Ximena, do Henzel e do Erwin. E, talvez o mais importante, pedir a Deus para nos fazer entender como tudo é possível, que Ele pode agir em meio as tragédias e dificuldades.

Eles agora são nossos heróis. Eles, os jogadores e comissão técnica, são nossos guerreiros. Os jornalistas e tripulantes são participantes dessa história. A história do time pequeno do oeste catarinense, que se viu numa subida tão rápida para a elite do futebol nacional e que jamais se recusou a sair de lá. De uma equipe que voou tão alto e tão rapidamente que alcançou o céu. A eternidade.

Nunca nos esqueceremos da madrugada de 29 de novembro de 2016, quando a Associação Chapecoense de Futebol embarcou num avião para buscar o título inédito e não voltou mais. Quando o tímido time do interior de Santa Catarina, que há pouco mais de dois anos cativava o futebol brasileiro, conseguiu unir o mundo inteiro por uma única causa. Quando o "Maior Verdão do Brasil" se transformou num símbolo de honra, perseverança, esperança e futebol. Os que morreram saíram da vida para entrar para a história, e nós nos orgulhamos deles e de todo o seu trabalho.

Serão para sempre nossos guerreiros.

Esquecidos jamais.

De todo o coração, com dor, tristeza e todo amor que nutro por esse clube realmente gigante. Minhas condolências ao time mais guerreiro que eu já vi jogar e a todos que estavam no avião. Um pedaço de mim partiu com vocês. Mas como o próprio hino diz "Nas alegrias e nas horas mais difíceis, meu Furacão, tu és sempre vencedor".

VÍTIMAS (71)

Jornalistas (20) Victorino Chermont - FOX Rodrigo Santana Gonçalves - FOX Deva Pascovicci - FOX Lilacio Pereira Jr. - FOX Paulo Clement - FOX Mário Sérgio - FOX Guilherme Marques - Globo Ari de Araújo Jr. - Globo Guilherme Laars - Globo Giovane Klein Victória - RBS (repórter da RBS TV de Chapecó) Bruno Mauri da Silva - RBS (técnico da RBS TV de Florianópolis) Djalma Araújo Neto - RBS (cinegrafista da RBS TV de Florianópolis) André Podiacki - RBS (repórter do Diário Catarinense) Laion Espindula - Globo Esporte (repórter de Chapecó) Renan Agnolin (Rádio Super Condá) Gelson Galiotto (Rádio Super Condá) Fernando Schardong (Rádio Chapecó) Edson Ebeliny (Rádio Chapecó) Douglas Dorneles (Rádio Chapecó) Jacir Biavatti (Rádio Chapecó)

Tripulação (07) Miguel Quiroga Ovar Goytia Sisy Arias Romel Vacaflores Alex Quispe Gustavo Encina Angel Lugo

Jogadores da Chapecoense (19) Danilo (goleiro) Filipe Machado (zagueiro) William Thiego (zagueiro) Marcelo Augusto (zagueiro) Dener Assunção (lateral) Mateus Caramelo (lateral) Gimenez (lateral) Ananias Monteiro (meia) Arthur Maia (meia) Cleber Santana (meia) Gil (volante) Matheus Biteco (volante) Sérgio Manoel (volante) Josimar (volante) Bruno Rangel (atacante) Aílton Canela (atacante) Everton Kempes (atacante) Lucas Gomes (atacante) Tiaguinho (atacante)

Delegação e acompanhantes da Chapecoense (25) Caio Júnior (técnico) Eduardo Filho Anderson Araújo Anderson Martins Marcio Koury Rafael Gobbato Luiz Cunha Luiz Grohs Sérgio de Jesus Anderson Donizette Andriano Bitencourt Cleberson Fernando da Silva Emersson Domenico Eduardo Preuss Mauro Stumpf Sandro Pallaoro Nilson Jr. Decio Filho Jandir Bordignon Gilberto Thomaz Mauro Bello Edir De Marco Daví Barela Dávi Ricardo Porto Delfim Pádua Peixoto Filho

YOU'LL NEVER WALK ALONE, CHAPE!

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